quinta-feira, 30 de maio de 2013

Como ler uma partitura - 2

Olá pessoal,

Conforme prometido segue a segunda parte do estudo para leitura de partituras.

2. Ritmo, tempo e compasso

         O ritmo é o termo utilizado para expressar as relações temporais de elementos musicais. Cada nota tem associada uma certa duração que é representada por uma figura rítmica.
         As principais figuras rítmicas são as que se apresentam na tabela 2.
         As figuras estão representadas por ordem decrescente de duração. Cada figura rítmica tem o dobro da duração da presente na linha abaixo e metade da de cima.

tabela 2

         Na coluna “fracção” indica-se a fracção da duração da figura rítmica relativamente à semibreve.
         Se numa partitura (staff) aparecerem duas colcheias, semicolcheias ou fusas seguidas, poderão ser representadas com recurso a barras em vez de caudas.

Exemplo:

         Anexado à figura rítmica pode existir um ponto, chamado ponto de aumentação, que aparece imediatamente à direita da figura. Pretende-se com o ponto de aumentação indicar que a figura passa a valer o que valia sem o ponto mais metade da sua duração.


         Existe uma outra forma de prolongar a duração da nota, recorrendo-se a ligaduras de prolongação (slurs) que são representadas por um arco que indica quais as notas a
serem ligadas, tal como se pode ver na fig. 12.


         
         A fig. 13 mostra a notação equivalente à da fig. 12 se se utilizar um ponto de aumentação.
         As figuras rítmicas vistas até este momento indicam a presença de som. Podem, no entanto, existir alturas em que se deseja ter silêncio numa música. A indicação de silêncio é representada pelas pausas cuja duração é equivalente à da figura rítmica com o mesmo nome.


         A diferença entre a pausa de semibreve e a pausa de mínima é que a primeira é escrita por baixo da 4ª e a de mínima por cima da 3ª linha.


         Como foi dito as figuras rítmicas indicam a duração relativa dos sons ou silêncios e não a duração efectiva. O valor real das figuras rítmicas é indicado pelo tempo. É frequente o tempo ser especificado por algo semelhante a - q = 72 - significando que num minuto conseguem-se “tocar” 72 semínimas. Outra forma de indicar o tempo é através de uma palavra (por exemplo: allegro, andante) que tem inerente uma gama de
valores do número de vezes da unidade de tempo até perfazer 1 minuto.

         Uma partitura encontra-se dividida em partes de igual duração: os compassos (time signature). A utilidade de dividir uma música por compassos é organizar os tempos de forma a facilitar a interpretação da peça. O compasso dá a informação sobre a acentuação, isto é, quais os tempos fortes e os fracos. Regra geral, o primeiro tempo de cada compasso é forte!

         Existem apenas dois tipos de compassos cuja diferença é a unidade de tempo: compassos simples e compostos. A unidade de tempo nos simples é a semínima enquanto que nos compostos é a semínima com ponto.
         A divisão dos compassos faz-se por uma barra vertical fina desde a 1ª linha até à 5ª. Exemplificam-se de seguida um dos possíveis compassos para cada um dos tipos.


         Existem três possibilidades de representar o compasso: por algarismos, por uma letra ou por um algarismo e uma figura rítmica. O código composto por algarismos é constituído por dois números tal como se se tratasse duma fracção. O “numerador” indica quantas figuras rítmicas iguais à indicada pelo “denominador” perfazem um compasso. No “denominador” vem um número que indica a figura rítmica de referência da seguinte forma:


         Logo, o composto 6/8 diz que a duração de cada compasso é equivalente à de 6 colcheias.
        O “C” serifado é uma notação alternativa a 4/4 significando, por isso, que a duração
de cada compasso é a de 4 semínimas.





         Nem todos os compassos estão completos, por exemplo, no compasso quaternário (duração equivalente a 4 semínimas) pode existir um com duração de apenas duas semínimas. Isto só acontece quando uma música começa em anacrusa.
         Em suma, uma música que começa em anacrusa caracteriza-se por ter o primeiro compasso incompleto assim como o último. O último tem a duração que falta ao primeiro para ficar completo!
         Mas, qual o interesse de começar em anacrusa ?
         Como já foi dito a divisão por compasso serve para especificar a acentuação, ou seja, quais os tempos fortes e fracos num compasso. Dado que o primeiro tempo de um compasso é forte, pode ser desejável começar por um fraco, logo inicia-se a música em anacrusa de forma a contornar esse problema.
         Exemplo de entrada em anacrusa num compasso 6/8:

         Existem alguns ritmos que não se conseguem escrever com as figuras até agora apresentadas. Assim surgem as quiálteras que são figuras irregulares, uma vez que não têm duração de fracção inteira das já apresentadas.
         As quiálteras mais utilizadas são a tercina (triplet) e a duína (duplet). A duína está para os compassos compostos assim como a tercina para os simples.
         A indicação da presença duma tercina é efectuada pela inclusão do número 3 por cima ou por baixo das figuras rítmicas e optionalmente um arco ou parêntises recto. Na duína é exactamente igual mas em vez de um 3 aparece um 2.



Por enquanto ficamos por aqui, semana que vem posto a parte 3 do nosso estudo.

Um forte abraço a todos!

Um comentário:

Anisio disse...

Olá... Gostaria de parabeniza-lo pelo trabalho postado. Está me ajudando bastante nessa longa estrada de aprendizagem com o meu instrumento trompete. Aguardo ansiosamente as outras partes de como ler uma partitura. Abraços!